por Eduardo Biavati
O aumento do número de motocicletas em circulação, as baixas velocidades
do sistema viário e a fragilidade da fiscalização criaram um modo
paulistano de conduzir a motocicleta: no "corredor".
Foi como um não-veículo que a motocicleta se incorporou ao trânsito,
inventando um espaço que jamais existiu em qualquer projeto de
engenharia e na lei de trânsito.
Em nome da lógica da agilidade, a tomada do "corredor" pelos
motociclistas subtraiu deles mesmos e dos demais condutores e pedestres a
segurança de circulação.
A invisibilidade da motocicleta no "corredor" é fatal ao motociclista,
mas não só para ele. Em 2011, as motocicletas causaram o atropelamento e
morte de 138 pedestres na cidade (22,4% dos pedestres mortos no
trânsito).
Investigação conduzida pela CET já revelava em 2009 que mais de 2/3 dos
atropelamentos envolvendo motocicletas ocorriam em meio de quadra, ou
seja, durante a travessia dos pedestres, enquanto buscavam brechas entre
os veículos parados.
A formação do "corredor" exige pista dupla e, no mínimo, duas faixas por
sentido. Quando isso não ocorre -como na rua Augusta, o motociclista
cria uma posição para o "corredor": circula sobre a sinalização
horizontal dupla amarela ou com a moto na faixa de sentido contrário.
E quando nem a contramão é possível? Ocupa-se a calçada simplesmente.
Longe dos olhos da zona de máxima proteção ao pedestre, descobrimos que
não bastam as faixas de travessia e o gesto decidido de sinalizar o uso
da faixa.
É preciso lutar pelo respeito à calçada, o espaço primário da segurança do usuário mais frágil do trânsito.
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